25.9.13

capítulo: o homem de McQueen



 

































Hunger [2008], de momento, continua a ser a obra-prima de Steve McQueen. 12 Years a Slave [2013] é incomparavelmente menor. De Steve McQueen, aprecio muito o modo como ele trabalha a arquitectura da interioridade dos seus homens (tanto em Hunger, todos os homens de Hunger, como em Shame), ambos filmes de linhas sinuosas, mas sem estrilho, avançam muito no silêncio da sombra, na força comovente do detalhe sem qualquer teleologia à vista. 12 Years a Slave é um filme demasiado exposto, excessivamente óbvio, de escolhas múltiplas e forçadas, historiograficamente confuso, demasiada história para quem me habituou à completude de um só capítulo: o capítulo acima de tudo o Homem aquém da História. Para continuar fiel a ele mesmo, bastaria a McQueen fazer de "12 anos escravo" um capítulo apenas da grande história da escravatura (bastaria, pois, que não dispersasse o Homem dele mesmo tal como tão bem fez nos filmes anteriores; bastaria que continuasse a encerrar num só homem o(s) tema(s) alargado(s) da humanidade). No todo, Michael Fassbender, que, ao contrário de Chiwetel Ejiofor, teria merecido bem mais a nomeação para o Oscar de melhor actor principal, continua sempre muito bom nos filmes de McQueen: do seu melhor filme, o primeiro, à desilusão inesperada do último.